Debate: Há espaço para mulheres na produção do conhecimento científico?
Encerrando as atividades do IFSP-Campus Catanduva alusivas ao Dia Internacional da Mulher, o curso de Pós Graduação Saberes e Práticas para a Docência no Ensino Fundamental I realizou importante debate. Com o título "Há espaço para mulheres na produção do conhecimento científico?" a mesa-redonda composta pelas professoras Larissa Benedini, Daniele Chiconato e Janaína de Oliveira possibilitou a troca de informações sobre a desigualdade entre homens e mulheres no ambiente acadêmico.
Larissa, professora de Línguas e Literatura do IFSP-Catanduva, além de apresentar escritoras importantes que foram apagadas ao longo da história, trouxe situações de mulheres escritoras que tiveram de usar pseudônimos masculinos para que tivessem suas obras publicadas. Larissa apresentou dados do prêmio Nobel de Literatura: de 1901 a 2022 foram 17 mulheres premiadas, contra 102 ganhadores homens. Não se trata apenas de desigualdade, mas de injustiças também.
Não coincidentemente, a professora Daniele Chiconato, professora de Matemática, mostrou sua área de formação repleta de referências masculinas (Pitágoras, Euclides, Báskara, etc) e um ocultamento do trabalho intelectual de mulheres. Daniele apresentou aspectos da vida e da produção de Hipátia de Alexandria (370-417), Maria Gaetana Agnesi (1718-1799), Sophie German (1776-1831) e Mary Fairfax Somerville (1780 a 1872). Daniele deu destaque ao intervalo temporal da primeira mulher a se destacar na Matemática em relação às demais. A professora também discutiu dados atuais que mostram que o público que participa de Olímpiadas de Matemática é predominantemente masculino.
Por último, Janaína de Oliveira, professora de Sociologia, apresentou estudos de sua área de formação mostrando que apesar de as mulheres estarem em maior número nas universidades, há campos em que elas transitam timidamente. E que mesmo que as mulheres obtenham a mesma formação que os homens, o salário das primeiras e a possibilidade de ocupar posições de liderança é menor.
Janaína ampliou a discussão para o para o contexto da sala de aula onde as meninas são menos estimuladas para as áreas exatas desde tenra idade. Janaína trouxe o conceito de construção social e o quanto as mulheres são identificadas com a maternidade, cuidado, responsabilidade de manter a casa. Nesse sentido, a indústria de brinquedos não colabora com a mudança desses papéis: brinquedos de meninas são bonecas, kit médicos, bichos de pelúcia, panelinhas, fogõezinhos, ferros de passar, etc. Meninos são estimulados a construir artefatos e desafiados a desenvolver conceitos lógicos. O que precisamos é possibilitar que estes brinquedos não sejam identificados por gênero e que todos possam ter oportunidade de crescer com eles.
A noite foi muito enriquecedora e contou com a presença das alunas e professoras da Pós Graduação, bem como estudantes de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
Por Iara Tiggemann – Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Saberes e Práticas para a Docência no Ensino Fundamental I
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